Sobre o 50th Best
por Leandro Pimenta
Esta semana tivemos a
premiação do 50th best América Latina da revista inglesa
Restaurant que tem como objetivo apontar os melhores restaurantes de
cada continente e por fim levar ao evento mais esperado, a premiação
dos melhores do mundo. Este ano a premiação da versão latina
aconteceu na cidade de Lima no Peru em paralelo ao festival Mistura,
principal evento de valorização e difusão da cozinha peruana
criado pelo Chef mais badalado do pais Gastón Acúrio.
Durante duas semanas
a cidade recebeu chefs, jornalistas, críticos que se misturaram
entre júri e curiosos do mundo todo. Todos afim de saber quais
seriam os restaurantes e profissionais tops do momento. Basicamente
6 países dividem as colocações. Brasil, Peru, Chile, Argentina,
Uruguai e México. Repetindo o feito do ano anterior o Peru teve um
de seus representante no topo da lista. O restaurante Central que
fica em Lima dos chefs Virgílio Martinez e Pia León ficou com a
primeira colocação, desbancando seu compatriota Astrid y Gastón
que ficou com o segundo lugar. Os brasileiros D.O.M do chef Alex
Atala e o Maní da chef Helena Rizzo ficaram respectivamente com o
terceiro e quarto lugares sendo assim os mais bem colocados a
representar a cozinha de vanguarda brasileira. Nenhuma novidade!
Outros brasileiros também estão na lista entre eles alguns já
consagrados como o carioca Sudbrack da chef Roberta Sudbrack e os
mais novos que estão chegando para firmar o seu lugar ao sol como é
o caso do Remanso do Bosque do talentoso chef Tiago Castanho que fica
em Belém no Pará. Ao todo 8 brasileiros estão na lista, oque nos
leva a pensar que estamos no caminho exato na difusão da cozinha
brasileira pelo mundo certo? A única coisa que me deixa encafifado
com isso tudo é que se pararmos para analisar os colocados, todos
eles são restaurantes do eixo RJ e SP, com exceção do Remanso do
bosque que está no PA. Minha pergunta aqui é a seguinte: É isso
mesmo? Com toda nossa extensão territorial e pluralidade de produtos
3 estados representam a nossa cozinha? Falo isso pois ontem estava
lendo um artigo que falava sobre a valorização do produto e o
retorno a cozinha regional do genial Carlos Alberto Dória e não
poderia deixar de fazer um link com a cozinha de MG. Vivo em BH e
acompanho o dia a dia e o desenvolvimento do setor de restaurantes,
posso afirmar com certeza que poderia aqui colocar nesta lista pelo
menos dois pares de restaurantes que representariam muito bem a nossa
cozinha, não apenas pelo fato de serem destaque nas premiações
mais importantes do pais ou serem lugares badalados. Colocaria pelo
comprometimento dos chefs com nossos produtos, produtores, tradições
e valores. Pra mim o limiar entre o invêncionismo e a criatividade
está em conhecer a fundo o objeto de trabalho e traçar um ideal. A
cozinha praticada aqui nos leva a crer que existe uma nova cozinha
mineira surgindo à tona, que respeita e conhece sua história, sobe
no ombro dos que vieram antes para enxergar mais longe e como diria o
poeta Drumond conhece o mundo sem sair do seu quintal-apesar de sair
e desbravar!-. Uma cozinha quase epicurista que coloca a frente o
prazer e a felicidade em conhecer o novo. Não se limita em apenas
dizer que conheceu determinado produto ou produtor, vive seu labor,
lado a lado.
Neste caso sinto sim
que premiações e eventos como este acontecido em Lima devam
existir; pois trazem o espirito de renovação e um toque de uma
competitividade boa que aguça a busca por novas técnicas,paradigmas
e evita o ostracismo. Porém acredito ser necessário uma avaliação
mais criteriosa, menos polarizada.